Como a Síndrome de Cushing afeta o corpo e quais são os tratamentos

A Síndrome de Cushing é uma condição complexa e pouco conhecida, mas que pode afetar profundamente a saúde física e emocional. Causada pelo excesso de cortisol no organismo – consequência de causas internas (endógenas) ou externas (exógenas) -, ela provoca uma série de sintomas que impactam desde o metabolismo até o sistema cardiovascular e a qualidade de vida como um todo.
Neste artigo, você vai entender como a Síndrome de Cushing altera o funcionamento do corpo, conhecer suas principais causas, sintomas, formas de diagnóstico e os tratamentos mais indicados para cada caso.
Diferença entre a Síndrome de Cushing exógena e endógena
A Síndrome de Cushing pode ter origens diferentes, o que influencia diretamente o diagnóstico e o tratamento. Essas origens são classificadas em exógena e endógena:
Síndrome de Cushing exógena
A Síndrome de Cushing exógena é a forma mais comum da doença. Ela ocorre devido ao uso prolongado de medicamentos que contêm corticosteroides, como prednisona e dexametasona. Esses medicamentos são amplamente utilizados para tratar doenças inflamatórias crônicas, como:
- Artrite reumatoide
- Asma grave
- Lúpus
- Doenças autoimunes
O uso contínuo desses medicamentos, em altas doses ou por longos períodos, aumenta artificialmente os níveis de cortisol no organismo, desencadeando os sintomas da síndrome. Neste caso, o problema não está nas glândulas (hipófise ou suprarrenais), mas sim no excesso de hormônio administrado externamente.
Importante: nem todos os pacientes que utilizam corticosteroides desenvolvem a síndrome, mas o risco cresce conforme a dose e a duração do tratamento.
Síndrome de Cushing endógena
Já a Síndrome de Cushing endógena é causada pela produção excessiva de cortisol dentro do próprio corpo. As principais causas incluem:
- Adenomas hipofisários (Doença de Cushing): tumores benignos na hipófise que produzem excesso de ACTH, estimulando a produção de cortisol pelas glândulas suprarrenais.
- Tumores adrenais: tumores nas próprias glândulas suprarrenais que produzem cortisol diretamente.
- Tumores ectópicos: tumores localizados fora da hipófise e das glândulas suprarrenais (como no pulmão) que também podem produzir ACTH.
Nessa forma da doença, o descontrole hormonal é interno, sem relação com medicamentos.
Importante: na síndrome endógena, o tratamento geralmente envolve cirurgia para remoção do tumor, enquanto na exógena, o foco está em reduzir gradualmente o uso de corticosteroides, sempre sob orientação médica.

Principais sintomas e como identificá-los
A Síndrome de Cushing provoca uma série de alterações físicas e metabólicas no organismo devido ao excesso de cortisol, conhecido como o “hormônio do estresse”. Reconhecer os sinais da síndrome precocemente é fundamental para buscar o diagnóstico e iniciar o tratamento adequado. Veja os principais sintomas:
Aumento de peso, especialmente no tronco
O ganho de peso é um dos sinais mais comuns, mas o padrão é característico: o acúmulo de gordura ocorre principalmente no rosto, pescoço, parte superior das costas (formando a chamada “corcova de búfalo”) e abdômen, enquanto braços e pernas podem permanecer relativamente finos.
Rosto arredondado (face em lua cheia)
O inchaço facial deixa o rosto mais redondo e volumoso, um dos sinais visíveis mais típicos da síndrome.
Fragilidade da pele
A pele torna-se mais fina e frágil, facilitando o surgimento de hematomas, cortes e ferimentos. Pequenas lesões demoram mais para cicatrizar.
Estrias largas e arroxeadas
O aparecimento de estrias largas, principalmente no abdômen, coxas, seios e braços, é um sintoma marcante. Essas estrias costumam ter uma coloração roxa ou avermelhada.
Fraqueza muscular
A degradação de proteínas induzida pelo excesso de cortisol leva a perda de força, especialmente nos músculos das coxas e braços, dificultando atividades simples como subir escadas ou levantar objetos.
Alterações no humor e no comportamento
Pessoas com síndrome de Cushing podem apresentar irritabilidade, ansiedade, depressão e até mesmo alterações de memória e concentração.
Hipertensão arterial e diabetes
O excesso de cortisol também aumenta a pressão arterial e a glicose sanguínea, elevando o risco de desenvolver hipertensão e diabetes tipo 2.
Alterações hormonais
Nas mulheres, podem ocorrer irregularidades menstruais e crescimento excessivo de pelos faciais e corporais (hirsutismo). Nos homens, pode haver diminuição da libido e disfunção erétil.
Osteoporose
A perda de massa óssea é outra complicação comum, aumentando o risco de fraturas, especialmente em idosos.
Diagnóstico: como saber se tenho a Síndrome de Cushing?
O diagnóstico da Síndrome de Cushing pode ser desafiador, pois muitos dos sintomas se sobrepõem a outras condições. Por isso, a avaliação cuidadosa por um endocrinologista é fundamental.
Os principais passos para o diagnóstico incluem:
- Histórico clínico e exame físico: o médico avalia os sintomas, histórico de uso de medicamentos (especialmente corticoides) e possíveis fatores de risco.
- Exames laboratoriais:
- Teste de cortisol livre na urina de 24 horas: mede a quantidade de cortisol excretada na urina ao longo de um dia.
- Teste de supressão com dexametasona: avalia a resposta do corpo após administração de um corticoide sintético.
- Cortisol salivar noturno: verifica os níveis de cortisol no período da noite, quando normalmente deveriam estar mais baixos.
- Teste de cortisol livre na urina de 24 horas: mede a quantidade de cortisol excretada na urina ao longo de um dia.
- Exames de imagem: caso os exames laboratoriais indiquem excesso de cortisol, podem ser solicitadas ressonância magnética da hipófise ou tomografia das glândulas suprarrenais para identificar tumores.
Importante: o diagnóstico exige uma abordagem precisa para diferenciar a síndrome de outras causas de hipercortisolismo e determinar a origem do problema (exógena ou endógena).

Tratamentos disponíveis para Síndrome de Cushing
O tratamento da Síndrome de Cushing depende da causa identificada:
- Redução ou suspensão dos corticoides: quando a síndrome é causada pelo uso prolongado de corticoides, o médico irá orientar uma redução gradual da dose, sempre com acompanhamento profissional.
- Cirurgia:
- Tumores hipofisários ou suprarrenais podem ter sua remoção cirurgicamente.
- A cirurgia é a principal forma de tratamento nos casos endógenos.
- Tumores hipofisários ou suprarrenais podem ter sua remoção cirurgicamente.
- Radioterapia: pode ser indicada para tumores hipofisários que não foram totalmente removidos pela cirurgia ou que apresentam recorrência.
- Medicação: em casos onde a cirurgia não é possível ou não é totalmente eficaz, medicamentos que reduzem a produção de cortisol podem ser utilizados.
- Tratamento das complicações: controle de diabetes, hipertensão, osteoporose e alterações psicológicas é essencial para o bem-estar do paciente.
Cada caso é único, e o plano de tratamento deve ser individualizado, sempre sob a orientação de um endocrinologista.
Complicações da Síndrome de Cushing não tratada
Quando a Síndrome de Cushing não é tratada, pode evoluir para uma série de complicações graves, incluindo:
- Hipertensão arterial severa
- Diabetes mellitus descontrolado
- Infecções frequentes, devido à supressão do sistema imunológico
- Osteoporose com alto risco de fraturas
- Doenças cardiovasculares, como infarto e AVC
- Problemas psiquiátricos, como depressão severa, ansiedade e até psicose
- Fraqueza muscular e limitações físicas
- Aumento da mortalidade se a síndrome não for tratada adequadamente
Essas complicações impactam significativamente a qualidade e a expectativa de vida, tornando o diagnóstico e o tratamento precoce ainda mais importantes.
Pós-tratamento: como é a recuperação?
A recuperação após o tratamento da Síndrome de Cushing pode ser um processo gradual:
- Normalização dos níveis de cortisol: pode levar meses até que o organismo volte a produzir cortisol em níveis normais, especialmente após cirurgias que envolvam as glândulas suprarrenais ou hipófise.
- Recuperação dos sintomas: a melhora dos sintomas físicos (como redução de peso e melhora da força muscular) e metabólicos (controle da pressão arterial e glicose) acontece progressivamente.
- Suporte psicológico: muitas pessoas precisam de acompanhamento psicológico para lidar com as alterações emocionais e o impacto que a doença teve em sua vida.
- Reposição hormonal: em alguns casos, pode ser necessário fazer reposição de hormônios temporariamente enquanto o organismo se ajusta.
O acompanhamento endocrinológico regular é indispensável para monitorar a recuperação, ajustar tratamentos e prevenir recaídas.

Considerações finais sobre a Síndrome de Cushing
A Síndrome de Cushing é uma condição séria que impacta vários sistemas do corpo e exige atenção especializada. Com diagnóstico precoce e tratamento adequado, é possível controlar os sintomas, prevenir complicações e recuperar a qualidade de vida. Entender os sinais, buscar orientação médica e manter o acompanhamento regular são passos essenciais para a recuperação completa.
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