Dra. Deborah Beranger

Desregulação hormonal: o que é e como influencia o ganho de peso

Desregulação hormonal: o que é e como influencia o ganho de peso

As questões hormonais estão entre os principais fatores que influenciam o funcionamento do nosso organismo. A desregulação hormonal, que acontece quando os níveis de hormônios estão fora do equilíbrio, pode causar diversas alterações no corpo, incluindo o ganho de peso. Entender o que é a desregulação hormonal, quais são suas causas e como ela pode afetar o peso corporal é essencial para quem busca uma vida mais saudável e equilibrada.

O que é desregulação hormonal?

A desregulação hormonal refere-se a um desequilíbrio nos níveis de hormônios essenciais no corpo. Os hormônios são substâncias químicas produzidas por glândulas endócrinas — como a tireoide, as glândulas suprarrenais e as gônadas — e são liberados na corrente sanguínea para controlar diversas funções do corpo, como o metabolismo, o apetite, o crescimento, o humor e a reprodução.

Quando esses hormônios estão desregulados, seja em quantidades excessivas (hiperfunção) ou insuficientes (hipofunção), eles podem causar uma série de alterações na saúde física e mental. Essa desregulação pode ser pontual, devido a um evento específico, ou crônica, causando consequências a longo prazo.

Principais hormônios envolvidos na desregulação hormonal

  1. Cortisol: conhecido como “hormônio do estresse”, o cortisol é produzido pelas glândulas suprarrenais e ajuda o corpo a responder ao estresse. A desregulação do cortisol, como níveis cronicamente altos, está associada ao aumento de peso, especialmente na região abdominal, e a distúrbios do sono e da imunidade.

  2. Estrogênio e progesterona: hormônios sexuais femininos fundamentais para o ciclo menstrual e a saúde reprodutiva. A desregulação pode ocorrer com a queda do estrogênio durante a menopausa ou quando há uma produção desequilibrada de progesterona, levando a sintomas como ondas de calor, alteração de humor e ganho de peso.

  3. Insulina: secretada pelo pâncreas, a insulina é responsável pela regulação dos níveis de glicose no sangue. A resistência à insulina — uma forma de desregulação comum em condições como a síndrome dos ovários policísticos (SOP) e o diabetes tipo 2 — contribui para o aumento de peso e o acúmulo de gordura.

  4. Hormônios da tireóide (T3 e T4): produzidos pela glândula tireoide, esses hormônios regulam o metabolismo. No hipotireoidismo, quando a tireoide está pouco ativa, o metabolismo desacelera, o que pode causar ganho de peso, fadiga e outros sintomas. Já no hipertireoidismo, os níveis excessivos desses hormônios aceleram o metabolismo, levando à perda de peso e ao aumento da ansiedade.

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  1. Testosterona: embora seja mais conhecido como um hormônio masculino, a testosterona também está presente nas mulheres, sendo essencial para a massa muscular, o humor e o desejo sexual. Níveis baixos em ambos os sexos podem levar a diminuição da energia, ganho de peso e perda de massa muscular.

Fatores que contribuem para a desregulação hormonal

Para aprofundar o entendimento sobre os fatores que contribuem para a desregulação hormonal, é essencial considerar tanto os aspectos internos do organismo quanto os fatores externos e ambientais. 

Estresse crônico

O estresse é um dos principais fatores que afetam o sistema endócrino. Em situações estressantes, o corpo libera cortisol e adrenalina, que ajudam na resposta de “luta ou fuga”. No entanto, quando o estresse se torna crônico, os níveis de cortisol permanecem elevados por períodos prolongados, o que pode desregular outros hormônios, incluindo insulina e hormônios sexuais.

  • Efeitos do cortisol elevado: o excesso de cortisol pode reduzir a sensibilidade à insulina, promover o acúmulo de gordura abdominal e influenciar negativamente a produção de hormônios como progesterona e testosterona. Além disso, o estresse crônico pode prejudicar a produção de serotonina e dopamina, impactando o humor e o bem-estar.

Envelhecimento natural

O processo de envelhecimento traz mudanças hormonais naturais. Em mulheres, a menopausa envolve a queda dos níveis de estrogênio e progesterona, enquanto em homens ocorre a andropausa, caracterizada pela redução gradual de testosterona.

  • Impactos da menopausa e andropausa: essas transições hormonais afetam o metabolismo, a densidade óssea, a massa muscular e a disposição. Em muitas mulheres, por exemplo, a queda do estrogênio após a menopausa contribui para o aumento da gordura corporal e para sintomas como ondas de calor e alterações de humor.

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Dieta e nutrição

A alimentação desempenha um papel crucial na regulação hormonal. Certos nutrientes são essenciais para a produção e o equilíbrio de hormônios, enquanto dietas pobres em nutrientes podem afetar diretamente a saúde endócrina.

  • Deficiências nutricionais: a falta de vitaminas, como vitamina D e complexo B, e minerais como magnésio e zinco, impacta negativamente a produção hormonal. Por exemplo, a vitamina D é necessária para a produção de hormônios sexuais, e o magnésio ajuda a reduzir os níveis de cortisol.

  • Consumo de açúcar e carboidratos refinados: dietas ricas em açúcares e carboidratos refinados aumentam os níveis de insulina, promovendo a resistência à insulina e contribuindo para o ganho de peso e o acúmulo de gordura abdominal, especialmente em indivíduos com predisposição genética.

Sedentarismo

A falta de atividade física impacta diretamente o sistema endócrino, pois o exercício regular é um regulador natural de hormônios como a insulina, cortisol, testosterona e hormônios do crescimento.

  • Impacto do sedentarismo nos hormônios: a ausência de atividade física está associada ao aumento do cortisol e da insulina e à diminuição da testosterona e do hormônio do crescimento, fatores que, juntos, favorecem o ganho de peso e a diminuição da massa muscular.

Distúrbios do sono

O sono é essencial para a regulação hormonal, e a privação ou a má qualidade do sono pode desestabilizar os hormônios.

  • Influência do sono no cortisol e na insulina: durante o sono, especialmente no sono profundo, o corpo reduz os níveis de cortisol e libera hormônios de crescimento. A falta de sono, no entanto, eleva o cortisol e altera a produção de insulina, levando a um aumento do apetite e ao ganho de peso.

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Exposição a disruptores endócrinos

Substâncias químicas encontradas em produtos de uso diário, como plásticos, cosméticos, produtos de limpeza e alimentos processados, contêm compostos chamados disruptores endócrinos, que interferem na produção e no funcionamento dos hormônios.

  • Principais disruptores endócrinos: produtos como bisfenol A (BPA), ftalatos e parabenos são conhecidos por mimetizar ou bloquear hormônios naturais, especialmente estrogênios. A exposição constante a essas substâncias pode levar a desequilíbrios hormonais, afetando o sistema reprodutivo, o metabolismo e até o desenvolvimento neurológico.

Uso de medicamentos

Certos medicamentos, como anticoncepcionais, antidepressivos, corticosteroides e até alguns tratamentos para condições crônicas, podem impactar a produção e o equilíbrio hormonal.

  • Anticoncepcionais hormonais: pílulas e dispositivos hormonais alteram os níveis de estrogênio e progesterona para prevenir a gravidez. Contudo, o uso prolongado pode, em alguns casos, dificultar a retomada da produção natural desses hormônios quando o método é interrompido.

  • Corticosteroides: usados para tratar inflamações, eles podem suprimir a produção natural de cortisol pelas glândulas suprarrenais, levando a um desequilíbrio.

Fatores genéticos e doenças endócrinas

A predisposição genética pode influenciar a propensão a certos distúrbios hormonais, como hipotireoidismo, Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP), diabetes tipo 2 e distúrbios adrenais.

Mudanças ambientais e excesso de toxinas

Além dos disruptores endócrinos, a poluição e a exposição a toxinas ambientais, como metais pesados (mercúrio e chumbo), também contribuem para a desregulação hormonal.

  • Efeitos das toxinas no corpo: toxinas presentes na água, no ar e até nos alimentos processados podem sobrecarregar o sistema endócrino e dificultar a função hepática, órgão essencial na metabolização de hormônios.

Esses fatores são frequentemente interligados e podem se combinar, levando a um ciclo de desregulação hormonal que impacta a saúde geral. A conscientização desses fatores e a adoção de práticas saudáveis — como uma dieta balanceada, exercícios regulares, sono de qualidade e controle de estresse — podem ajudar a manter o equilíbrio hormonal e reduzir o risco de problemas de saúde associados ao desequilíbrio hormonal.

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Como saber se estou com desregulação hormonal?

Identificar uma desregulação hormonal envolve observar uma série de sinais e sintomas, realizar exames e, se necessário, consultar um especialista. A desregulação hormonal pode afetar diferentes sistemas do corpo, já que os hormônios atuam em diversas funções, desde o metabolismo e o apetite até o humor e o sono. 

Alguns sintomas comuns podem indicar desequilíbrio hormonal. Esses sinais variam entre homens e mulheres, mas geralmente incluem:

  • Ganho ou perda de peso inexplicável: mudanças repentinas de peso, sem alteração na dieta ou rotina de exercícios, podem estar relacionadas a hormônios como a insulina, o cortisol, a leptina (hormônio da saciedade) e os hormônios tireoidianos.

  • Alterações no sono: insônia, sono interrompido ou sonolência excessiva podem estar ligados a desequilíbrios de melatonina, cortisol e hormônios do crescimento.

  • Fadiga e baixa energia: sensação de cansaço constante, mesmo após uma boa noite de sono, pode ser um indício de problemas hormonais, como hipotireoidismo.

  • Mudanças de humor e irritabilidade: desregulação de hormônios como o estrogênio, a testosterona e a serotonina pode afetar diretamente o humor, levando à irritabilidade, ansiedade e até sintomas depressivos.

  • Problemas de pele e cabelos: acne, oleosidade, queda de cabelo ou pele seca podem sinalizar alterações nos níveis de estrogênio, progesterona, testosterona e hormônios tireoidianos.

  • Ciclos menstruais irregulares: nas mulheres, alterações no ciclo menstrual, como períodos muito longos, curtos ou ausentes, são sinais claros de possível desregulação hormonal, especialmente de estrogênio e progesterona.

  • Dificuldade em ganhar massa muscular ou perda de massa muscular: níveis baixos de testosterona ou hormônio do crescimento podem prejudicar o ganho e a manutenção da massa muscular.

  • Baixa libido: mudanças na libido, tanto em homens quanto em mulheres, podem ser causadas por desequilíbrios nos hormônios sexuais.

Quais exames detectam a desregulação hormonal?

Para confirmar um desequilíbrio hormonal, é recomendado realizar exames específicos, que devem ser indicados e interpretados por um médico. Os exames mais comuns incluem:

  • Exames de sangue: avaliam níveis de hormônios como cortisol, insulina, testosterona, estrogênio, progesterona, T3 e T4 (hormônios da tireoide), entre outros.

  • Exames de urina e saliva: alguns hormônios, como o cortisol, podem ser medidos de forma mais precisa por meio de exames de urina ou saliva, especialmente para observar variações ao longo do dia.

  • Exames de imagem: em alguns casos, o médico pode solicitar exames de imagem, como ultrassonografia ou ressonância magnética, para verificar glândulas endócrinas como as suprarrenais, a hipófise e a tireoide.

Quais os sintomas de falta de hormônio no corpo feminino?

A falta de hormônios no corpo feminino pode desencadear uma série de sintomas, afetando tanto a saúde física quanto o bem-estar emocional. Os principais hormônios envolvidos são o estrogênio, a progesterona e a testosterona, que desempenham papéis essenciais em várias funções corporais.

Sintomas da falta de estrogênio

O estrogênio é um dos hormônios mais importantes para a saúde feminina, influenciando desde o ciclo menstrual até a densidade óssea e a saúde cardiovascular. Quando em baixa, especialmente durante a menopausa ou devido a condições de saúde, os sintomas incluem:

  • Ondas de calor e suores noturnos: sintomas comuns da menopausa, causados pela diminuição súbita de estrogênio.

  • Ressecamento vaginal: a baixa de estrogênio reduz a lubrificação vaginal, podendo causar desconforto e dor durante as relações sexuais.

  • Diminuição da libido: a falta de estrogênio pode diminuir o desejo sexual, afetando a libido.

  • Irritabilidade e mudanças de humor: esse hormônio influencia os neurotransmissores do cérebro, e sua falta pode levar à instabilidade emocional, incluindo irritação e depressão.

  • Perda de massa óssea: a deficiência de estrogênio aumenta o risco de osteoporose, uma condição que enfraquece os ossos.

  • Pele seca e rugas: a falta de estrogênio afeta a produção de colágeno, acelerando o envelhecimento da pele e causando ressecamento.

Sintomas da falta de progesterona

A progesterona é um hormônio essencial para o equilíbrio do ciclo menstrual e para a preparação do útero para uma possível gravidez. Sua deficiência pode causar:

  • Ciclos menstruais irregulares: a falta de progesterona pode causar ciclos menstruais irregulares ou sangramento intenso.

  • Síndrome pré-menstrual (TPM) acentuada: sintomas de TPM, como dor nos seios, inchaço e irritabilidade, podem ser mais intensos com a falta de progesterona.

  • Dificuldade para engravidar: progesterona baixa dificulta a implantação do embrião no útero, comprometendo a fertilidade.

  • Insônia: a progesterona tem um efeito calmante no organismo; sua falta pode dificultar o sono.

  • Ansiedade e estresse: a baixa de progesterona pode aumentar os níveis de ansiedade e estresse, tornando a mulher mais suscetível a crises de nervosismo e preocupações excessivas.

Sintomas da falta de testosterona

Embora a testosterona seja comumente associada aos homens, ela também é produzida no corpo feminino em quantidades menores e desempenha funções importantes. Sua falta pode causar:

  • Fadiga e falta de energia: a testosterona ajuda a manter os níveis de energia e a resistência física. Sua deficiência pode levar à fadiga constante.

  • Diminuição da libido: a testosterona é essencial para o desejo sexual em ambos os sexos, e sua falta pode reduzir a libido nas mulheres.

  • Perda de massa muscular e aumento da gordura corporal: esse hormônio contribui para a manutenção da massa muscular; sua baixa pode causar perda muscular e ganho de peso.

  • Mudanças de humor: a falta de testosterona pode contribuir para sintomas de depressão, tristeza e sensação de falta de motivação.

  • Dificuldade de concentração e memória: níveis baixos de testosterona afetam a função cognitiva, dificultando a concentração e a capacidade de manter a clareza mental.

Outros sintomas comuns da deficiência hormonal em geral

Além dos sintomas específicos associados a cada hormônio, a deficiência hormonal no geral pode desencadear outros sinais, como:

  • Ganho de peso inexplicável: desequilíbrios hormonais, especialmente com o estrogênio e a progesterona, podem desacelerar o metabolismo, resultando em ganho de peso.

  • Retenção de líquidos e inchaço: a falta de hormônios pode levar ao acúmulo de líquidos, causando inchaço nas pernas, tornozelos e abdômen.

  • Queda de cabelo: a deficiência de hormônios pode afetar o ciclo de crescimento dos cabelos, resultando em queda e afinamento dos fios.

  • Dificuldade em manter a massa óssea: sem o suporte hormonal adequado, os ossos podem perder densidade, aumentando o risco de osteoporose.

Esses sintomas mostram a importância dos hormônios na regulação das funções corporais e no bem-estar feminino. Quando esses sintomas aparecem, é fundamental buscar a orientação de um médico para realizar exames e, se necessário, iniciar um tratamento adequado para restaurar o equilíbrio hormonal e melhorar a qualidade de vida.

Qual vitamina regula os hormônios femininos?

Algumas vitaminas e nutrientes desempenham papéis fundamentais na regulação hormonal feminina, contribuindo para o equilíbrio dos hormônios e ajudando a amenizar sintomas de desregulação hormonal. Vamos ver as principais:

Vitamina D

A vitamina D tem um impacto significativo sobre a produção hormonal. Estudos mostram que ela ajuda a regular o estrogênio e a progesterona, hormônios essenciais para o ciclo menstrual e a saúde reprodutiva. Além disso, baixos níveis de vitamina D estão associados a desequilíbrios hormonais e podem agravar condições como a síndrome dos ovários policísticos (SOP). A exposição ao sol e o consumo de alimentos como peixes gordurosos e ovos ajudam a manter bons níveis dessa vitamina.

Vitamina B6

A vitamina B6 é conhecida por ajudar a regular a função hormonal, especialmente em relação ao humor e à redução dos sintomas da síndrome pré-menstrual (TPM). Ela participa da síntese de neurotransmissores como a serotonina, que influencia o humor e o apetite, além de ser fundamental para a produção de progesterona. Boas fontes de B6 incluem banana, batata, grão-de-bico e salmão.

Vitamina E

A vitamina E é um antioxidante que ajuda a proteger as células contra danos e atua na regulação dos hormônios sexuais femininos. Ela é frequentemente usada para aliviar sintomas da menopausa e da TPM, pois tem um efeito positivo na redução de sintomas como cólicas e dores nos seios. Sementes, oleaginosas e óleos vegetais são boas fontes dessa vitamina.

Ácido Fólico (Vitamina B9)

O ácido fólico é essencial para a saúde reprodutiva e ajuda no equilíbrio hormonal, especialmente em mulheres que planejam engravidar. Ele apoia a divisão celular saudável e regula a produção hormonal. O ácido fólico é encontrado em vegetais de folhas verdes, feijões, lentilhas e abacate.

Vitamina B12

A vitamina B12, em conjunto com o ácido fólico e a B6, é essencial para a produção de células vermelhas do sangue e para o funcionamento do sistema nervoso. Sua deficiência pode afetar a produção de hormônios e levar a sintomas como fadiga e alterações de humor. A B12 é encontrada em alimentos de origem animal, como carne, ovos e laticínios.

Vitamina C

A vitamina C é um antioxidante que ajuda a reduzir os níveis de cortisol, conhecido como o hormônio do estresse. Além disso, ela pode influenciar a produção de progesterona. A vitamina C é encontrada em frutas cítricas, morangos, pimentões e brócolis.

Magnésio

Embora tecnicamente não seja uma vitamina, o magnésio é essencial para o equilíbrio hormonal. Ele ajuda a reduzir os níveis de cortisol e a estabilizar o açúcar no sangue, o que é crucial para evitar picos de insulina e desregulações hormonais. Fontes ricas em magnésio incluem espinafre, nozes, sementes e cacau.

Essas vitaminas e nutrientes ajudam a manter o equilíbrio hormonal feminino, mas é sempre importante consultar um médico ou nutricionista antes de iniciar qualquer suplementação, especialmente se houver sintomas de desregulação hormonal.

Qual problema hormonal faz engordar?

Vários problemas hormonais podem levar ao ganho de peso, pois os hormônios desempenham um papel crucial na regulação do metabolismo, do apetite e da distribuição da gordura no corpo. A seguir, estão os principais distúrbios hormonais associados ao ganho de peso:

Hipotireoidismo

O hipotireoidismo ocorre quando a glândula tireoide não produz hormônios suficientes (T3 e T4), responsáveis por regular o metabolismo. Com a produção insuficiente desses hormônios, o metabolismo fica mais lento, o que pode resultar em ganho de peso, especialmente ao redor da região abdominal. Outros sintomas incluem cansaço, depressão, pele seca e cabelo fino.

Tratamento: o hipotireoidismo é tratado com reposição hormonal com levotiroxina, que ajuda a normalizar os níveis hormonais e melhorar o metabolismo.

Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP)

A síndrome dos ovários policísticos é um distúrbio hormonal comum em mulheres em idade fértil, caracterizado por um desequilíbrio nos níveis de estrogênio, progesterona e testosterona. Um dos sintomas mais comuns é o aumento de peso, especialmente na região abdominal, devido ao excesso de produção de andrógenos (hormônios masculinos), que pode afetar a sensibilidade à insulina e aumentar a gordura corporal.

Tratamento: o tratamento pode incluir mudanças na dieta, exercícios físicos, medicamentos para regular os hormônios e controle da resistência à insulina.

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Resistência à insulina

Ocorre quando as células do corpo não respondem adequadamente à insulina, o que leva a um aumento dos níveis desse hormônio no sangue. Esse aumento pode causar ganho de peso, especialmente ao redor da barriga, já que a insulina em excesso promove o armazenamento de gordura. A resistência à insulina está frequentemente associada à síndrome metabólica e ao diabetes tipo 2.

Tratamento: mudanças na dieta, exercício físico e, em alguns casos, medicamentos, como metformina, podem ajudar a melhorar a sensibilidade à insulina.

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Hipercortisolismo (Síndrome de Cushing)

A síndrome de Cushing é uma condição causada pelo excesso de cortisol, o “hormônio do estresse”. Esse hormônio ajuda a regular o metabolismo, mas níveis elevados e crônicos de cortisol podem levar ao acúmulo de gordura, especialmente na região abdominal, no rosto (rosto em lua cheia) e nas costas (giba de búfalo). Além disso, a síndrome de Cushing pode causar outros sintomas, como pressão alta, fraqueza muscular e alterações no humor.

Tratamento: o tratamento depende da causa subjacente, podendo incluir medicamentos para reduzir os níveis de cortisol, cirurgia ou radioterapia, dependendo do tipo de síndrome de Cushing.

Deficiência de estrogênio (menopausa)

Durante a menopausa, a produção de estrogênio cai drasticamente, o que pode levar ao ganho de peso, especialmente devido a mudanças no metabolismo e na distribuição da gordura, que tende a se concentrar na região abdominal. A perda de massa muscular também é comum, o que reduz a taxa de metabolismo e facilita o acúmulo de gordura.

Tratamento: terapias de reposição hormonal (TRH) podem ser usadas para aliviar os sintomas da menopausa e ajudar na regulação do peso, mas o controle do peso geralmente requer uma combinação de dieta e exercício.

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Desequilíbrio nos hormônios da fome: leptina e ghrelina

Os hormônios leptina e ghrelina são responsáveis pela sensação de saciedade e fome, respectivamente. Quando há um desequilíbrio desses hormônios, pode ocorrer um aumento do apetite, o que leva ao consumo excessivo de alimentos e ao ganho de peso. A leptina normalmente sinaliza ao cérebro quando você está satisfeito, enquanto a ghrelina estimula o apetite. No entanto, em algumas condições, como a resistência à leptina, o corpo não responde adequadamente a esses sinais, promovendo o aumento do apetite e o acúmulo de gordura.

Problemas hormonais relacionados ao estresse

O estresse crônico pode levar a um aumento na produção de cortisol, o que, como mencionado anteriormente, está diretamente relacionado ao ganho de peso. Além disso, o estresse pode afetar a alimentação, levando ao desejo de comer alimentos ricos em açúcar e gorduras, contribuindo ainda mais para o ganho de peso.

Baixos níveis de testosterona

Nos homens, baixos níveis de testosterona podem levar ao aumento da gordura corporal, perda de massa muscular e diminuição da libido. A testosterona ajuda a regular a distribuição da gordura e o desenvolvimento muscular, e sua falta pode resultar em um aumento significativo de peso.

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Conclusão

A desregulação hormonal pode ser a causa de sintomas que afetam a qualidade de vida, incluindo o ganho de peso. Com exames adequados e uma avaliação clínica detalhada, é possível identificar o tipo de desregulação hormonal e tratá-la de forma eficaz. Consultar um endocrinologista e fazer ajustes no estilo de vida, como manter uma alimentação equilibrada e reduzir o estresse, pode contribuir significativamente para manter os hormônios em equilíbrio. Se você apresenta algum desses sintomas, agende uma consulta para uma avaliação completa e descubra como manter seus hormônios equilibrados para uma vida mais saudável e com mais bem-estar.


Dra. Deborah Beranger
Endocrinologista – Atendimento especializado – Endocrinologista na Tijuca, RJ