Terapia hormonal: mitos e verdades

A terapia hormonal é um tópico que gera muitas dúvidas e preocupações. Como endocrinologista, acho importante desmistificar certas crenças e fornecer informações baseadas em evidências para ajudar os pacientes a tomarem decisões informadas sobre seu tratamento.

O que é terapia hormonal?

O tratamento envolve o uso de hormônios sintéticos para tratar diversas condições médicas. Pode ter seu uso em casos de menopausa, hipogonadismo, transtornos da tireoide, em terapias de afirmação de gênero, entre outros. O objetivo é equilibrar os níveis hormonais no corpo, melhorando a qualidade de vida do paciente.

5 verdades sobre a terapia hormonal

• A terapia hormonal pode engordar: estrogênio, progesterona e testosterona, derivados dos hormônios utilizados na terapia, podem ocasionar o aumento de peso. Por isso, sempre há a recomendação da prática de atividades físicas e de uma dieta balanceada.
  
  
• A terapia hormonal pode causar câncer: embora algumas pesquisas tenham mostrado uma pequena associação entre a terapia hormonal e o aumento do risco de certos tipos de câncer, é crucial entender o contexto. Por exemplo, o tratamento combinado (estrogênio e progesterona) pode aumentar o risco de câncer de mama, mas o estrogênio isolado não tem o mesmo efeito em mulheres que fizeram histerectomia. A decisão de iniciar o tratamento deve ser com base em uma avaliação cuidadosa dos benefícios e riscos individuais, discutida entre médico e paciente.
  
  
• A reposição hormonal aumenta a libido: com a queda hormonal, há a redução do desejo sexual. Quando os hormônios são restabelecidos, o desejo volta a existir.
  
  
• A terapia hormonal não é só para mulheres na menopausa: o tratamento não é exclusivo para mulheres na menopausa. Ela também tem seu uso para tratar homens com baixos níveis de testosterona, mulheres com falência ovariana prematura, e indivíduos em transição de gênero, por exemplo. A terapia hormonal pode ser uma ferramenta valiosa para tratar uma variedade de condições hormonais, independentemente do gênero ou idade.
  
  
• A terapia hormonal pode ajudar na saúde mental: há evidências de que esse tipo de tratamento pode ter um impacto positivo na saúde mental. Mulheres na menopausa que sofrem de depressão ou ansiedade podem encontrar alívio com a terapia hormonal. Da mesma forma, homens com deficiência de testosterona podem experimentar uma melhoria no humor e na sensação de bem-estar.

5 mitos sobre a terapia hormonal

• Não existem contraindicações para reposição hormonal: uma avaliação médica irá considerar os riscos. Por exemplo, homens com histórico de câncer de próstata e mulheres com histórico de câncer de mama ou de endométrio não podem fazer uso da terapia.
  
  
• A terapia hormonal alivia os sintomas de forma temporária: a terapia hormonal não apenas alivia os sintomas, como também pode oferecer benefícios a longo prazo, como a prevenção da osteoporose e a melhora da saúde cardiovascular. No entanto, a duração do tratamento deve ser avaliada regularmente para garantir que os benefícios continuam a superar os riscos.
  
  
• A terapia hormonal dura para o resto da vida: a reposição é feita somente quando os sintomas começam a aparecer. Normalmente o uso de remédio é por alguns anos, mas a avaliação de um especialista é que vai determinar cada caso.
  
  
• Todos os tipos de terapia hormonal são iguais: existem diferentes tipos, incluindo pílulas, adesivos, géis, injeções e implantes. A escolha do tipo de terapia depende das necessidades individuais do paciente e condições médicas específicas. Um endocrinologista pode ajudar a determinar a melhor forma de tratamento para cada pessoa.
  
  
• A terapia hormonal retarda o envelhecimento: a modulação da perda funcional da velhice é proibida no Brasil e se utilizada para esse fim pode trazer sérios riscos para a saúde. Portanto, a reposição hormonal não pode ser para atrasar, prevenir ou reverter essa condição. 

Benefícios

A terapia hormonal oferece uma ampla gama de benefícios para diversas condições médicas. Para mulheres na menopausa, o tratamento pode aliviar sintomas como ondas de calor, sudorese noturna, secura vaginal e alterações de humor. Além disso, pode ajudar a prevenir a osteoporose, uma condição que enfraquece os ossos e aumenta o risco de fraturas. 

Para homens com hipogonadismo, uma condição caracterizada pela baixa produção de testosterona, o tratamento pode melhorar a libido, a energia, o humor, a massa muscular e a densidade óssea. 

Indivíduos transgêneros também se beneficiam significativamente da terapia hormonal como parte de sua transição. A terapia de estrogênio pode ajudar indivíduos trans femininos a desenvolver características femininas, enquanto a terapia de testosterona pode ajudar indivíduos trans masculinos a desenvolver características masculinas.

Além desses benefícios específicos, o tratamento pode melhorar a saúde mental, aliviando sintomas de depressão e ansiedade em indivíduos com desequilíbrios hormonais. Também pode proporcionar uma melhora geral na qualidade de vida, ajudando os pacientes a se sentirem mais energizados e equilibrados. Cada um desses benefícios destaca a importância da terapia hormonal como uma intervenção médica eficaz e adaptável, que deve ser personalizada e monitorada por um profissional de saúde para garantir os melhores resultados possíveis.

Diferentes formas de administração

O tratamento pode ter sua administração de várias formas, dependendo da condição tratada e das preferências do paciente:

• Pílulas: uma forma comum de tratamento, fácil de tomar diariamente.
  
  
• Adesivos: aplicados na pele, fornecem uma liberação constante de hormônios.
  
  
• Géis: aplicados na pele, têm absorção pelo corpo.
  
  
• Injeções: podem ter sua administração em intervalos regulares, como semanalmente ou mensalmente.
  
  
• Implantes: pequenos dispositivos inseridos sob a pele que liberam hormônios gradualmente.

A terapia hormonal é uma ferramenta poderosa no tratamento de desequilíbrios hormonais e condições relacionadas. Ao entender as suas verdades e desfazer os seus mitos, os pacientes podem tomar decisões informadas e colaborar mais efetivamente com seus médicos. 

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